25 de dezembro de 2012

Terço de Natal

Esta é uma opção de Oração simples para ser feita com as crianças no dia de Natal: o terço de Natal! Cada conta grande traz em forma de trovinhas rimadas um resumo da história do Natal e nas contas pequenas uma frase simples para ser recitada com piedade. Feliz Natal com Jesus no centro das nossas atenções! 


17 de dezembro de 2012

Ainda dá tempo de preparar o seu Natal!


E como nos preparar para vivê-lo?


Texto de Padre Fabrício Andrade (Comunidade Canção Nova)


Você deve estar pensando: "Meu Deus, como passou rápido o ano, já estamos de novo no Natal! Gente, eu nem vi o ano passar! Parece que os anos estão passando mais rapidamente...". Bom, se o Natal deste ano o pegou nessa situação, certamente é porque você não encontrou tempo para se preparar para ele. Então, que tal começar agora, mesmo em cima da hora, não deixando que este ano seja somente mais um ano? Pelo tempo dedicado à preparação podemos imaginar a consideração e a importância de um acontecimento.
Se você deixa tudo para a última hora e sempre confia que no final dá tempo de improvisar e dar um jeitinho nas coisas, isso mostra que tudo o que vem pela frente tem pouca importância para você – do jeito que as coisas saírem, está bem! O contrário também é válido. Se você se prepara, com antecedência, tudo bem planejado com sentido correto e na expectativa de bem celebrar, esse acontecimento realmente é para você um fato de muita importância.
O tempo que gastamos na preparação anuncia a importância do acontecimento para nós. Por isso, vive bem o Natal quem se prepara para ele. Mas, como me preparar para o Natal? Será que é fazendo as minhas compras, escolhendo bem as roupas e presentes? Antes de tudo isso, você precisa descobrir que o Natal verdadeiro acontece de "dentro para fora". Todas as celebrações e manifestações de carinho são demonstrações externas de um Natal bem celebrado no coração. Isso significa deixar que, por primeiro, o Menino Deus nasça em seu coração. O lugar onde acontece o Natal é no seu coração e não nas vitrines das lojas.
Mas será que isso dói? Não, pode ficar tranquilo. O que sempre acontece com quem deixa o Natal ocorrer dentro de si são mudanças positivas e o amadurecimento da própria fé. Experimente, neste ano, oferecer-se ao Senhor, como o presépio do ano de 2010, dando a Ele toda a liberdade de nascer em você. Isso certamente mudará sua vida. É muito simples e, talvez, por isso, nós adultos tenhamos tanta dificuldade de cultivar em nós a alegria natalina. Nós gostamos de complicar todas as coisas e o Natal é muito simples. Tão simples que se nós não nos prepararmos, deixaremos passar despercebida a graça de ser visitados pelo nosso bom Deus.
Prepare-se e experimente! O Natal de quem acolhe o Menino Jesus é sempre um novo Natal. Deixa marcas e lembranças maravilhosas. Acontece quando a Sagrada Família encontra um coração para ficar e fazer aí sua morada. A Luz se faz presente, os anjos cantam “Glória a Deus nas Alturas...” e você se torna para os outros um presépio vivo, sendo na sua própria vida uma testemunha do nascimento de Cristo Jesus. Aí tem sentido trocar presentes e abraços, pois assim o Menino Jesus está no centro desse tempo maravilhoso.

Tenha um Feliz Natal! Isso só depende de você! Prepare-se, será inesquecível!

15 de dezembro de 2012

Novena de Natal com as crianças 2012


Antes de fazer a novena, preparamos numa atividade de artesanato, junto com as crianças esses anjinhos com palitos de sorvete e, junto com esse presépio que já tínhamos, planejamos os temas da novena desse ano. Ainda por cima virou uma decoração de Natal na parede da sala, que é onde fazemos nossas orações (mais solenes) em família!


Início para todos os dias: 

Acendendo a Vela e cantando (Melodia da música “Em nome do Pai”):

Agora é a hora / de fazer oração / na novena de natal / vamos prestar atenção / acendemos a vela / vem Espírito e reluz / no meu coraçãozinho / o amor de Jesus!
Em nome do Pai / em nome do Filho / em nome do Espírito Santo / estamos aqui (BIS)
Para louvar, agradecer, bendizer e adorar / estamos aqui, Senhor, ao teu dispor!
Para louvar, agradecer, bendizer e adorar... te aclamar / Deus Trino de amor!

1º dia de Novena: Jesus é a Voz do Papai do Céu (Palavra de Deus)


·         Pequena catequese sobre título (Tudo o que Papai do Céu quis falar a todos nós, Ele falou por meio de Jesus)
·         Tudo isso está na Bíblia (entronização da Bíblia, refrão da música: “A Bíblia é a Palavra de Deus”)
·         exemplos: Livros da escola (nos ajuda a aprender a matéria), Bula de remédio (explica sobre remédio); Manual de instrução (explica sobre produto), papelzinho do brinquedo do Kinder Ovo, etc.
·         Devemos ter muito amor e respeito pela Bíblia!
·         Versículo Bíblico: A palavra de Deus é pura; é um escudo para os que Nele confiam. (Pr 30,5). Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra da boca de Deus. (Lc 4,4)
Oração: “Papai do Céu, ajuda-me a conhecer, respeitar e obedecer sua Palavra na Bíblia em minha vida, em nome de Jesus, amém!”

2º dia de Novena: Natal é uma festa, só que diferente, muito mais especial!

·         O que é uma “festa”? O que tem nas festas? (Comida especial, música, etc...)
·         Dê exemplos de festas... (Aniversário, Carnaval, São João, etc). Selecionamos para eles imagens na internet de vários tipos de festas e conversamos sobre as características de cada uma.
·         Como é a festa do Natal? (Missa, Ceia, presentes, etc, etc)
·         Natal, festa religiosa muito, muito importante e especial! Devemos celebrar, pois Jesus nasceu!
·         Versículo Bíblico: Dai graças ao Senhor, vós todos, seus eleitos; celebrai dias de alegria e festa e rendei-lhe louvores. (Tob 13,10) O Senhor é nosso Deus, ele fez brilhar sobre nós a sua luz. Organizai uma festa com profusão de coroas. E cheguem até os ângulos do altar. (Salmo 117,27)
Oração: Papai do Céu, muito obrigado por tantos momentos em nossas vidas em que podemos nos alegrar, nos divertir e festejar, especialmente obrigada pela Festa do Natal! Amém!


3º dia de Novena: Natal é a festa de aniversário de Jesus!

·         No Natal comemoramos o dia do nascimento de Jesus, o seu aniversário!
·         Comentamos particularidades de cada nascimento: o do papai, da mamãe, de cada criança, e depois falamos também como comemoramos cada aniversário.
·         Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=h6H6lG5KZ_Y&feature=related  que ilustra resumidamente como foi o nascimento de Jesus.
·         Todos comemoramos o dia em que nascemos e como Jesus é nosso amigo, celebramos seu aniversário também, com uma festa especial, a festa de Natal!
·         Dinâmica: montamos uma festa de aniversário comum com as figurinhas (mesa com bolo de aniversário, velas, balões, crianças cantando “Parabéns”, etc) e depois as trocamos pelas figuras do “aniversário de Jesus” (Mesa com o Santíssimo Sacramento, ou como chamamos aqui, o “Pãozinho do Amor”, velas da Coroa do Advento, sinos de natal, os anjinhos cantando o ‘Glória’, as crianças em oração, etc)... Em ambos os cenários permanecem sempre o “aniversariante” e os presentes, que serão os próximos temas...

·         Versículo Bíblico: “O anjo disse-lhes: Não temais, eis que  vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.” Lc 2, 10, 11
Oração: Papai do céu, obrigado por Jesus ter nascido entre nós e por podermos comemorar o aniversário Dele todo ano no Natal! Amém!



4º dia de Novena: Não se esqueça: no Natal, um menino nos foi dado!

·         Às vezes se faz tantas coisas no Natal: festas, amigo oculto, viagens, presentes, ceia...(o que mais?) e Jesus fica esquecido!
·         Imagine no dia do seu aniversário ninguém se lembrar de você!
·         Não podemos esquecer do aniversariante: Jesus!
·         (Música: Dai-me almas, Cantinho da Criança:  http://letras.mus.br/cantinho-da-crianca/dai-me-almas/ )
·         (Música: Parabéns pra Jesus:  http://www.youtube.com/watch?v=cIG6aAQdT6g )
·         Ele é o mais importante do Natal!
·         Versículo Bíblico: “Ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos.” (Fil 2,10)
Oração: Querido Jesus, queremos comemorar o seu aniversário com muito amor e carinho nesse Natal! Parabéns, Jesus! Obrigado por ser nosso amigo! Amém!


5º dia de Novena: O mais importante do Natal é Jesus, e não os presentes!

·         Normalmente quando um nenê nasce, as pessoas que visitam levam um presentinho, ou fraldas, etc.
·         Versículo Bíblico (Reis Magos): Mt 2 (Bíblia Infantil Ave Maria, pgs 102 e 103)
·         E no nosso aniversário? Normalmente ganhamos um presentinho também!
·         Mas o que é o mais importante: o bebê que nasceu ou o presente? O aniversariante ou o presente?
·         E no Natal, que é o aniversário de Jesus? O que é mais importante: a gente ganhar presentes ou darmos presentes para Jesus?
·         Será que Ele merece ganhar algum presente de nós? O que poderíamos dar para Ele?
·         Caixa de presentes para enchermos na novena de amanhã.
Oração: Querido amigo Jesus, no seu aniversário, o presente é para o Senhor, e não para nós! Queremos encher o Senhor de presentes, cheios de carinho e amor, pois o Senhor merece! Amém!


6º dia de Novena: Vamos dar presentes para Jesus?

·         O que poderíamos dar, nesse Natal, de presente para Jesus?
·         Mostrar uma Caixa de presentes (embalada e enfeitada) com os nossos 3 presentes especiais para Jesus: Não pecar; Orar e Ser bonzinho.


·         Não pecar: sugestões das crianças...
·         Orar é conversar com Deus: sugestão das crianças...
·         Ser bonzinho: sugestão das crianças...
·         Assim seremos amigos de Jesus de verdade e o deixaremos bem feliz! Esses são os verdadeiros presentes que Nosso Amigo quer em seu aniversário!
·         Versículo Bíblico: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos.  Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.  Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos. (Jo 15,12-15a)
Oração: Querido Jesus, obrigado por querer ser nosso amigo! Queremos ser seus amigos de verdade, ajuda-nos a não pecar, orar e sermos bonzinhos! Amém!



7º dia de Novena: São José, o papai de Jesus!

·         O Papai do Céu escolheu um homem muito especial para ser o papai de Jesus: José! (pequena catequese sobre São José, em especial no nascimento de Jesus).
·         A Bíblia diz que Jesus amava, obedecia e respeitava o papai Dele.
·         Como devemos tratar o papai das outras pessoas?
·         E como devemos tratar o nosso papai?
·         Agradecimentos e reconciliações com o papai. (Esse momento pode ser de muita cura e libertação na relação pai-filhos! Façamos com simplicidade, porém muita UNÇÃO!)
·         Oração das crianças pelo papai, por intercessão de São José.
·         Versículo Bíblico: “Não é este o filho de José?” Lc 4, 22
Oração: Querido São José, te pedimos que o senhor cuide da nossa família, especialmente do nosso papai, assim como o senhor cuidou de Maria e de Jesus! Amém! (Vinde, alegres cantemos...)


8º dia de Novena: Maria, mãe de Jesus e nossa Mãe!
·         O Papai do Céu escolheu uma mulher muito, muito especial para ser a mamãe de Jesus: Maria! (Pequena catequese sobre Nossa Senhora, em especial no nascimento de Jesus).
·         . A Bíblia diz que Jesus amava, obedecia e respeitava a mamãe Dele.
·         Como devemos tratar as mamães das outras pessoas?
·         E como devemos tratar a nossa mamãe?
·         Agradecimentos e reconciliações com a mamãe. (Esse momento pode ser de muita cura e libertação na relação mãe-filhos! Façamos com simplicidade, porém muita UNÇÃO!)
·         Oração das crianças pela mamãe.
·         Podemos rezar para Maria, sempre, pois Ela é nossa Mãe também! Você reza para a Mamãe do Céu?
·         Versículo Bíblico: “Mulher, eis aí teu filho! Filho, eis aí tua mãe! (Jo 19, 26, 27)
Oração: Mamãe do Céu, protege a nossa casa e a nossa família, pede a Jesus por nós e nos ajude em tudo! (Música: Mãezinha do Céu...)



9º dia de Novena: Viva o Menino Jesus, a razão do Natal!
·         O Papai do Céu ama tanto todos nós que quis vir para cá. Ele "entrou" na barriga de Nossa Senhora e se tornou um nenêzinho: o menino Jesus!
·         Jesus era uma criança linda! Tinha todas as boas qualidades: era obediente, calmo, sabia esperar, gostava de rezar, brincava tranquilo... o que mais?
·         E nós? Nós temos que tentar ser igual a Jesus!
·         (Música: Amar como Jesus amou  https://www.youtube.com/watch?v=hV2dLGof-Jo  )
·         Agradecimentos e reconciliações das crianças.
·         Oração pelas crianças.
Versículo Bíblico: Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor que confunde vossos adversários, e reduz ao silêncio vossos inimigos. (Salmo 8, 3)

Oração: Querido Jesus, nós queremos ser iguais a você! Envia teu Espírito sobre nós e nos ajude a amar, pensar, sonhar, viver, sentir e sorrir como você! Amém!




O amor de Cristo pela infância ilumina e idealiza o período do Natal




PAPA PAULO VI
ANGELUS
Domingo, 4 de Janeiro de 1970

As crianças polarizam o nosso interesse, neste período que vai do Natal à Epifania. O presépio e os presentes dos Reis Magos são para elas. Os grandes fazem-se pequenos, partilhando a sua alegria. É a estação das crianças, dos adolescentes e dos jovens. É uma quadra linda, cheia de sentimentos humanos, repleta de poesia. A inocência e a alegria pairam no ar. A bondade e a esperança reflorescem nos corações, nas casas de família e um pouco também nas ruas das cidades.
E para nós tudo isto se explica, assumindo um valor que transcende esta festa da infância. E o próprio Jesus Menino, Jesus criança que nos convida a tomar parte nela. Esta primeira etapa da existência humana tornou-se imensamente amável, mais do que já o era por si mesma, pelo fato de Cristo, o Homem-Deus, ter querido percorrê-la, no itinerário da sua vida. Um mistério nela se reflete: o mistério da Encarnação.
Já os antigos diziam que se deve à criança uma grande reverência. O cristianismo dirá mais ainda. Dirá que a vida de cada criança é sagrada, quer durma ainda no seio materno, quer tenha já entrado nas nossas casas, nas nossas escolas, nas nossas igrejas, e particularmente quando é vítima da doença ou da fome. Um amor que transcende o plano natural, o amor de Cristo pela infância, ilumina e idealiza este período da vida. Cristo, diz São Leão Magno, ama a infância, que Ele, no início da sua vida, fez sua, no espírito e no corpo. Notai bem: no espírito e no corpo. Depois, tornou-a mestra, exemplo e reflexo misterioso de uma presença espiritual, típica e implorante: «se não vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus... » e « o bem que tiverdes feito ao mais pequenino dos meus irmãos, a mim o fizestes ».
Por isso, é este o tempo de querer bem, em Cristo, às crianças, aos adolescentes e aos jovens. É o tempo de rezar por eles, pelos seus pais, pelas famílias. Bem sabeis quanta necessidade há de oração por estas intenções. Vamos rezar também por todos aqueles que querem bem às crianças, pelos seus professores e educadores, e, em particular, pelos catequistas. Vamos rezar pelos centros, obras e associações que se dedicam, com amor e inteligência, à formação pura, sã, autêntica e cristã da infância. Que Maria, a Mãe bem-aventurada, esteja com todos nós!

13 de dezembro de 2012

O Natal anunciado com alegria aos pequeninos



Por Rachel Abdalla*


Criança gosta daquilo que lhe é próprio, ou seja, da realidade vista sob a ótica pura e inocente dos fatos que presencia, e dos desejos que sente, principalmente aqueles associados à alegria. Por isso, o que devemos apresentar sobre Jesus às crianças deve ser alegre e ter o jeito e o tamanho delas.
Com base nos ensinamentos que Ele nos deixou nos Evangelhos, toda fala deve ter uma conotação verdadeira, porém, precisa ser colocada de modo lúdico, ou seja, na linguagem que a criança se envolve e participa, criando assim, um vínculo entre aquilo que ouve e vive.
Ao falar para os pequeninos sobre o nascimento de Jesus, os pais e catequistas podem fazer uma correlação deste dia com o nascimento deles, relembrando a alegria e a emoção, a preparação e a expectativa da chegada de uma criança ao mundo. Aqui, no caso, no Natal, de um pequenino muito especial, por ser o Filho de Deus.
Quando o anjo Gabriel vai anunciar à Maria que ela será a Mãe do Filho de Deus, sua saudação inicia-se com a palavra grega khaire que significa 'alegra-te', porque a novidade que vem é motivo de muita alegria! Vai nascer um menino, uma criança vem ao mundo! É, pois, com essa mesma alegria do anjo, ao anunciar Jesus a Maria, que nós devemos também anunciá-Lo ao mundo e, especialmente, às crianças.
Mas, onde está a alegria? Como mostrá-la aos pequeninos?
O motivo de alegria para Maria era o de ter o Senhor em seu ventre, e para nós é o fato de Jesus ter nascido entre os homens. Com relação às crianças, podemos inseri-las no contexto da família, dos amigos, dos parentes como uma relação de amor entre todos. Afinal, ser feliz é ter um encontro com o amor! Deus é Amor e nós nos encontramos com este Amor na pessoa de Jesus. Ao mostrarmos Jesus como um Menino, estamos colocando-O no mesmo contexto em que vivem as crianças.
É interessante, neste processo evangelizador, despertar nelas algo a mais sobre o Menino Jesus como, por exemplo, falar como Ele nasceu; que chorava, mas que também era risonho; como seriam as suas feições a partir das características do seu povo; quando começou a andar, o que gostava de comer, quem eram seus amiguinhos, qual era a sua brincadeira preferida... enfim, fazer colocações simples que não interferem na verdade e podem ser apresentadas conforme a expectativa da criança, do momento dela, afinal, Jesus era uma criança comum, mesmo sendo Deus, e cresceu como todos nós, dentro de uma realidade humana e limitada. Assim, elas crescerão com Jesus, gradativamente, de modo simples e natural.
Neste tempo do Natal, fale sobre Jesus e ensine o Amor às crianças, sendo alegre como elas são! Essa linguagem elas compreendem!
Feliz Natal!

*Rachel Lemos Abdalla é Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor e Coordenadora da Catequese de Famílias da Paróquia Nossa Senhora das Dores em Campinas, São Paulo; apresenta o 'Programete Pequeninos do Senhor', dentro do Programa 'Povo de Deus' da Arquidiocese de Campinas, na Rádio Brasil Campinas; e é membro da 'Equipe de Trabalho' do 'Ambiente Virtual de Formação' da Arquidiocese de Campinas.

Fonte: Zenit

12 de dezembro de 2012

O Advento e o Natal com as crianças


O Advento é uma excelente oportunidade para a catequese familiar com as crianças! É nosso papel enquanto pais e responsáveis “empolgá-los” com esse tempo maravilhoso e há várias maneiras de fazer isso: a decoração, os símbolos cristãos, as devoções, as orações em família... Hoje gostaria de deixar algumas sugestões para aproveitar com as crianças esse tempo especial.
O momento de enfeitar a casa pode ser uma ótima atividade de férias! A família pode se unir para reaproveitar os enfeites de natal ou organizar/confeccionar novos, com artesanato, sucata (o que daria já uma boa conversa sobre reciclagem e reutilização em detrimento ao consumismo sugerido pelas propagandas comerciais)... Os tradicionais pisca-piscas evocam a Luz que é Cristo, a quem se atribui na liturgia a profecia de Isaías no capítulo 9, versículo 1 (O povo que andava nas trevas, viu uma grande luz!), ou o belíssimo hino o 1º capítulo de João ([O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem. Jo 1, 9) entre outras tantas menções que podem ser trabalhadas na linguagem das crianças.
Um grande sucesso entre a molecada costuma ser a árvore de Natal. Por que não começar explicando o seu significado cristão? Confira o que ensinou o caríssimo Beato João Paulo II no Angelus de 19/12/2004 sobre o tema e explique para os pimpolhos de um jeito que eles possam entender:

(A Árvore de Natal)... também é uma antiga tradição, que exalta o valor da vida porque na estação invernal, a árvore sempre verde se torna um sinal da vida que não perece. Geralmente, na árvore adornada e aos pés da mesma são colocados os dons de Natal. Assim, o símbolo torna-se eloquente também em sentido tipicamente cristão: evoca à mente a "árvore da vida" (cf. Gn 2, 9), figura de Cristo, supremo dom de Deus à humanidade. Por conseguinte, a mensagem da árvore de Natal é que a vida permanece "sempre verde", se se torna dom: não tanto de coisas materiais, mas de si mesmo: na amizade e no carinho sincero, na ajuda fraterna e no perdão, no tempo compartilhado e na escuta recíproca.

Outra opção é a Coroa do Advento, que pode ser feita em família, com a participação do pai, da mãe e dos filhos! Excelente oportunidade para tratar da Liturgia dos quatro domingos do Advento com os pequenos! Confira nessa postagem no site de Dom Henrique Soares da Costa (www.domhenrique.com.br ), bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju- SE (muito atuante na internet, aliás) essa sugestão para “Rito para a Coroa do Advento em família”, que ainda apresenta uma ótima explicação para o simbolismo da Coroa: http://migre.me/clqZD
Existem tantos símbolos que tem a ver com um Natal mais próximo de Cristo e com o papai noel em 2º, 3º, 4º planos!... Os sinos, a Guirlanda, estrelas, anjos, ovelhinhas e pastores, velas... A própria Bíblia! Sem falar no Presépio... E se, ao invés de enfatizar os símbolos pagãos e importados da cultura norte-americana nos enfeites (neve, botas, papais noéis, etc), nós trabalhássemos toda a riqueza da simbologia cristã? Cada símbolo é uma porta que se abre à oração e nossas crianças podem perfeitamente se envolver nessa mística também!
Desde o ano passado, aqui em casa, desenvolvemos o Calendário do Natal. A ideia é fazer a contagem regressiva até a noite de Natal e ir empolgando mesmo as crianças com a proximidade dessa data especial. Esse ano, ao invés de só marcarmos os dias que vão passando, estamos tentando trabalhar a liturgia diária também. A cada estrelinha do calendário, uma breve reflexão sobre um trecho da liturgia do dia! 

Na internet encontrei tantas opções encantadoras! Disponibilizo aqui esses dois links:

Sobre a Árvore de Natal

 

(A Árvore de Natal)... também é uma antiga tradição, que exalta o valor da vida porque na estação invernal, a árvore sempre verde se torna um sinal da vida que não perece. Geralmente, na árvore adornada e aos pés da mesma são colocados os dons de Natal. Assim, o símbolo torna-se eloquente também em sentido tipicamente cristão: evoca à mente a "árvore da vida" (cf. Gn 2, 9), figura de Cristo, supremo dom de Deus à humanidade. Por conseguinte, a mensagem da árvore de Natal é que a vida permanece "sempre verde", se se torna dom: não tanto de coisas materiais, mas de si mesmo: na amizade e no carinho sincero, na ajuda fraterna e no perdão, no tempo compartilhado e na escuta recíproca.
(Beato João Paulo II no Angelus de 19/12/2004)

A Coroa do Advento



**Texto de Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracaju-SE

A coroa do Advento faz parte da antiga tradição católica. Todavia não se conhecem as suas verdadeiras origens. Sabe-se que as populações germânicas pré-cristãs usavam guirlandas com velas acesas durante os frios e escuros dias de dezembro, inverno duro no hemisfério norte, como sinal de esperança da volta dos dias quentes e claros da primavera. Na Escandinávia, durante o inverno, colocavam-se, durante o inverno, velas acesas ao redor de uma roda e se ofertavam orações ao deus da luz para girar a roda da terra para o lado do sol com o objetivo de prolongar os dias e fazer voltar o calor.
Na Idade Média, os cristãos adaptaram essa tradição e usavam as guirlandas de Advento como parte da preparação espiritual para o Natal. Afinal, Cristo é a luz do mundo que afugenta as trevas do pecado e faz resplandecer a luz da verdade e do amor. No século XVI, tanto entre católicos como entre protestantes havia muitos ritos em torno da coroa de Advento.
Seu simbolismo é muito belo. A coroa é feita de ramos verdes de plantas que no inverno europeu não perdem as folhas, significando a continuidade da vida e a esperança. A forma circular da coroa simboliza a eternidade de Deus, que não possui início nem fim, a imortalidade do cristão e a vida eterna em Cristo. Também os pinhões e as nozes usadas para decorar a coroa representam a vida e a ressurreição.
As quatro velas representam as quatro semanas do Advento. Há uma tradição muito bela, segundo a qual cada semana representa mil anos; as velas representam, portanto, os quatro mil anos que vão de Adão e Eva até o nascimento de Jesus, nosso Salvador. A cor roxa desse tempo significa a vigilância na busca da conversão. Podem-se usar as velas de cor natural ou, então, três roxas e uma rosa, que deve ser acesa no terceiro domingo, o Domingo da Alegria pela alegria de chegar à metade do Advento, fazendo-se próximo o Santo Natal. A progressiva iluminação da coroa significa a espera e a esperança que marcaram a primeira vinda do Cristo e a nossa esperança e desejo da sua segunda vinda para salvar, julgando os vivos e os mortos.
No primeiro domingo do Advento acende-se a primeira vela e se recita juntos a oração. A cada domingo seguinte acender-se-á uma vela a mais. Pode-se também colocar uma vela maior ao centro da coroa, simbolizando o Cristo. Esta vela é acesa na noite do vinte e quatro de dezembro.

10 de dezembro de 2012

O Advento de Maria



**Texto de Gilda Carvalho, PUC Rio de Janeiro-RJ.
Ninguém esperou mais pelo Menino que Sua mãe.  Durante nove meses, Maria carregou dentro de si o Salvador e viveu o mistério da maternidade: gerou vida dentro de si, ao mesmo tempo em que gestava a Vida.  A gravidez de Maria foi o advento plenamente vivido, e podemos, hoje, vivê-lo em companhia da Mãe de Deus.
Advento, tempo de conversão. Mas, como falar em conversão naquela que é toda pura e cheia de graça?  Em Maria não havia pecado.  Foi concebida imaculada para que seu ventre pudesse abrigar aquele que trazia em si todo o Bem e todo Amor. 
A conversão não está, pois, só no pedido de perdão dos pecados.  Se a entendermos assim, não poderemos jamais aplicá-la à Maria.  A conversão está, também, no sentido de busca do entendimento contínuo da vontade de Deus.
Na Anunciação, fica claro que Maria não entendia como a vontade de seu Senhor se concretizaria: questiona o anjo, tenta entender o que aos olhos humanos era incompreensível – como gerar vida, se ela não conhecia homem, se era virgem? E o anjo lhe explica como, soprando sobre Ela o Espírito de Deus que a cobriria de entendimento e adoração, reverenciando desde já a Vida que nascia dentro de si.
O acompanhar dos episódios que se seguirão a partir daquele momento de Nazaré é revelador desse desejo de Maria.  Ela irá meditar em seu coração sobre os acontecimentos que marcarão o nascimento do Menino.  Irá acompanhá-Lo em sua caminhada terrena, ajudando-o a crescer em estatura, conhecimento e graça.  E, espantada e sofrida, o assistirá morrer na cruz, tentando entender a vontade do mundo que matava aquele só havia lhe dado amor. E entender um Deus que silenciava para depois explodir em glória com o Ressuscitado.
Observar Maria ao longo da vida de Jesus Cristo nos fará entender como fazer para entendermos a história de um Deus que caminha com a humanidade.  O Criador conhece pelo nome cada uma de suas criaturas.  Mas, às criaturas não é dado todo o conhecimento de seu Criador.  Por isso, a necessidade de saber enxergá-Lo na escuridão, escutá-Lo na turbulência e senti-Lo quando parece estar longe.  E este é também um caminho de conversão: aquele que nos conduzirá ao encontro do Senhor, através do sair de nós mesmos para o encontro com aquele que só pode ser visto através do amor e serviço ao outro.  Tal como a Virgem de Nazaré o fez.

6 de dezembro de 2012

Que tal um Retiro nesse Advento?


Para um Advento e Natal mergulhados na leitura orante da Palavra de Deus, deixo mais essa sugestão: que tal um retiro nos moldes dos que nós já estamos habituados a fazer na Quaresma? Encontrei esse do Blog "Leitura Orante" (http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br) que achei muito interessante! 
A Leitura Orante da Palavra é um diálogo amoroso com o nosso Deus, no qual existem os momentos de ouvir e de lhe falar, e ainda de apenas estar com Ele, em atitude de adoração e comunhão filial. Por este método verdadeiramente nos aprofundamos na Sagrada Escritura até a profundidade da intimidade de uma relação de amizade nossa com Ele. 
Acesse nesse link: http://leituraorantedapalavra.blogspot.com.br/p/retiro-de-advento-e-natal-2012-2013.html
Ou você pode organizar seu próprio Retiro com a Liturgia do Dia, ou quem sabe com a oração do Terço, ou suas devoções... Você pode fazer só ou unir-se ao seu companheiro(a) (namorado(a), noivo(a) ou cônjuge), grupo de amigos, família, filhos... No fim do post o Blog até propõe uma avaliação final, em grupo ou não! Vale tudo para promover nosso encontro com nosso Amado Senhor nesse tempo especial!

4 de dezembro de 2012

Nos preparar, mais do que apenas esperar



Antes mesmo de me converter seriamente ao Catolicismo, sempre achei interessante essa ideia de um período de preparação que a Igreja sugeria para os fiéis antes das datas importantes, por exemplo a Quaresma mas também o tempo que estamos vivendo agora, o Advento. Fui aos poucos incorporando isso em minha vida em vários momentos importantes: tempos especiais de preparação dentro do namoro com o Juliano (meu marido há 11 anos), tempo do noivado, como partilhei neste post http://migre.me/cdzBd, nas gestações... enfim, tenho aprendido cada vez mais que tempos de espera são especiais em nossa vida e viabiliza amadurecimento e, consequentemente, um progresso. Para pessoas ansiosas (como é muitas vezes o meu caso) e como atesta Eclo 2,3, esperar é sofrer, pois é uma situação de dependência, de estar à mercê de algo ou alguém fora do nosso controle ou domínio. No entanto, quando mudamos a perspectiva e enxergamos a espera como possibilidade de preparação para algo, isso modifica algo internamente em nós: esperar sugere passividade, em contrapartida se preparar, implica em uma atitude pró-ativa, ter planejamento, atitudes concretas nesse período que antecede o evento. Uma coisa é esperar por algo, ou alguém. Outra bem diferente é se preparar para tal. É nesse entendimento que busco viver o Advento.
Os ensinamentos da Igreja sobre o tempo do Advento são belíssimos, nos permite um mergulho na espiritualidade e uma intimidade ainda maior com o Nosso Senhor, Nossa Mãe Maria, com sua liturgia riquíssima, suas práticas devocionais cheias de simbolismos que de fato colaboram para uma mística especial. Apesar da Wikipedia nem sempre ser uma fonte confiável de informações no mundo virtual, achei interessante o link http://migre.me/cdlz3 que traz resumidamente vários tópicos referentes ao tema. É sempre bom buscar entender, conhecer, meditar, por isso nunca passo esse tempo sem ler algum artigo, ou livro, blog, qualquer que se seja o material sobre o tema do Advento. Também recomendaria esse post no Blog do Padre Luizinho, da Comunidade Canção Nova, que achei excelente: http://migre.me/cdlBv
Outra sugestão é que a Liturgia tome um lugar de destaque em nosso dia-a-dia. São vários sites que disponibilizam a liturgia diária (muitas vezes já com comentários ou homilias) além das costumeiras publicações como a “Liturgia Diária” ou o “Deus Conosco” à venda em qualquer livraria católica. Acrescentamos a Oração da Liturgia das Horas, de uma riqueza ímpar, que tem sido publicada pela Ed. Paulus também mensalmente ou podemos acessar online também (http://liturgiadashoras.org/)! Por essa via da Palavra de Deus meditada na Liturgia, com certeza nos aproximaremos (ou reaproximaremos) do Senhor nesse tempo único, pois em cada trecho podemos confiar que Ele quer se comunicar conosco, falando o que precisamos ouvir, o que precisamos nos atentar em nossa vida, o que precisamos modificar, além de todas as declarações de amor Dele para o ser humano, para o seu povo, para cada um de nós pessoalmente, que afloram nas linhas e entrelinhas das Sagradas Escrituras. As Liturgias dos Quatro Domingos do Advento merecem uma atenção especial e valem, além da Santa Missa bem rezada e bem participada,  uma meditação em família, uma bela coroa do Advento em nossas casas ou mesmo um estudo mais analítico feito à sós, antes de dormir...
Uma aproximação para Nossa Senhora também vai bem a calhar nesse tempo. A Liturgia já contribui para tal, mas a meditação do Santo Terço, o Ofício de Nossa Senhora, as Mil Ave-Marias... ou mesmo uma única Ave-Maria rezada com amor, com consciência, já agradaria. Nesse tempo, eu gosto sempre de meditar no Mistério da gestação de Nossa Senhora, eu que sou mãe também, que sei o que é estar grávida, gosto de contemplar, em espírito de profundo respeito e devoção, esse fenômeno espetacular, de um Deus se desenvolvendo no ventre dessa mulher definitivamente especial. Gosto de estreitar minha relação com Ela, como filha, como serva e sentir o quanto isso me aproxima de Seu Filho também...
Intensificar a vivência sacramental é outro chamado. Com a Confissão e a Eucaristia, não só no Advento, obviamente, mas se permitimos a unção do Espírito agir sobre nós, vivemos a experiência do “Senhor que vem” concretamente. 
Vigilância, caridade, reconciliação... não são só palavras soltas num cartão de Natal, mas podem ser verdadeiras opções muito concretas para a vivência do Advento. Questionar e reformular a maneira como se vive as “festas de fim de ano” também! Eu não diria trocar, mas privilegiar as capelas antes dos  shoppings; as novenas de natal antes dos “amigo-secretos”; a doação de cestas básicas a quem precisa antes de preparar uma ceia farta que muitas vezes acaba em desperdício; a contemplação da pobreza do presépio antes do consumismo desenfreado dos presentes de debaixo da árvore de Natal; a reconciliação sincera com aqueles que nos magoaram ou a quem magoamos ao invés dos votos fugazes de “Boas Festas”... Tudo isso pode ser a chance que o Senhor nos dá a cada fim de ano civil e início de Ano Novo Litúrgico para recebermos Dele a vida em abundância que prometeu (Jo 10,10)!
Ou mesmo se não for nada disso que você leu acima, com certeza o Espírito tem ótimas ideias e excelentes insights para inspirar o seu Advento esse ano! Seja para vivê-lo em sua família, em seu trabalho, ou em seu grupo da Igreja, em casal (em seu namoro/noivado/matrimônio), talvez sozinho(a) mesmo... Eu e meu marido temos 4 filhos, um recém-nascido. Antes mesmo do parto, eu tive o cuidado de deixar tudo pronto para a vivência das nossas crianças do Advento: preparamos a decoração da casa com motivos cristãos (presépios, anjinhos, estrelas etc), preparei a novena de Natal que faremos com eles, um calendário que faz a contagem regressiva para o Natal e que pretendemos ir trabalhando a liturgia do dia com eles... Já que a dinâmica de nossa casa gira em torno deles, o Advento aqui (como também o Natal, a Páscoa, etc...) tem sido bem "infantil", pois assim o Espírito Santo nos inspira! Encontramos tanto material para a vivência do Advento para crianças na internet, e vamos trabalhando em cima, vendo o que cabe mais na nossa realidade... As crianças adoram! Depois postarei nossa experiência de Natal de 2012 também aqui por esse blog...
Seja qual for a inspiração do Divino Amigo, vale a pena segui-la, e colher os frutos espirituais dessa semeadura. Só não dá para ficar indiferente ou negligenciar, deixar o Advento passar em brancas nuvens, pois sobre essas brancas nuvens se verá o Filho do Homem voltar com poder e glória (Mt 24, 30): é essa a verdade do Advento! Ele veio, Ele vem e Ele virá! Estejamos atentos, não meramente esperando, mas nos preparando, já vivenciando esta vinda!

25 de outubro de 2012

Ser de Cristo é ultrapassar nossos limites (Mesmo!) para levar a Fé e a Verdade aos eleitos



Na Carta de São Paulo a Tito, capítulo 1, versículo 1, o grande santo afirma: “Paulo, servo de Deus, apóstolo de Jesus Cristo para levar aos eleitos de Deus a fé e o profundo conhecimento da verdade que conduz à piedade”...
Eu cá da minha miséria, também me atrevo a repetir: “Manuela, mísera serva de Deus, microscópica apóstola de Jesus Cristo, para levar aos eleitos de Deus espalhados pela minha vida e meu modesto apostolado, a FÉ, e todo o conhecimento que tenho buscado a respeito da VERDADE na Palavra e no Magistério que conduz a vivência da piedade inspirada na moção do Espírito”... Num dado momento da minha vida, precisei assumir isso de verdade e não mais voltar atrás!
Estamos aqui justamente para isso: para levar essa FÉ e esse CONHECIMENTO DA VERDADE para os eleitos de Deus, ou seja, para nossa família, nossos amigos, nossa comunidade... Um dia adentramos pela Porta da Fé que o próprio Cristo abriu para nós em determinado momento de nossas vidas; entramos em contato com Aquele que é o DOADOR da FÉ, Aquele que é a própria VERDADE, e por causa dessa experiência somos impulsionados a transmitir esse conteúdo, essa vivência, esse Nome, essa proposta. Romanos 10, 14 expressa: “Como invocarão Aquele em quem não têm fé? E como crerão Naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue?” E podemos ir além: como serão convencidos se não houver quem viva de fato tudo isso? E como serão contagiados se não estiverem em contato com servos motivados, entusiasmados por essa causa?
Ora, esse saber, sentir, acreditar, confiar, é dom, é presente! Claro que sempre implica em uma atitude nossa, mas nunca é mérito nosso, é Deus quem dá! Como eu sempre digo, não se trata de algum esforço mental do tipo: “Agora eu vou aqui me concentrar, me esforçar, me focar e fazer força... para ter fé!” Não, absolutamente não. Meu papel é me abrir, estar vivendo em estado de graça, e o Espírito divino infunde essa Fé em mim, GARATUITAMENTE. Cabe a mim abraçar, nutrir, viver, fazer crescer, tornar atuante. Conforme o Catecismo da Igreja Católica § 153:

17 de outubro de 2012

Salmo 90



(Salmo de confiança, que pela palavra do sacerdote exorta um asilado no Templo a confiar na proteção de Deus. No oráculo, Deus fala pessoalmente, para ressaltar que a Divina Providência, embora não preserve o justo de morrer de fome ou peste ou na guerra, nem o ponha ao abrigo das desgraças da vida, vela todavia, com solicitude paternal, por quem nela confia e o salvará.)


1. Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, 
2. dize ao Senhor: Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em que eu confio.
3. É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa.
4. Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção.
5. Tu não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia, 
6. nem a peste que se propaga nas trevas, nem o mal que grassa ao meio-dia.
7. Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita, tu não serás atingido.
8. Porém verás com teus próprios olhos, contemplarás o castigo dos pecadores, 
9. porque o Senhor é teu refúgio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo.
10. Nenhum mal te atingirá, nenhum flagelo chegará à tua tenda, 
11. porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos.
12. Eles te sustentarão em suas mãos, para que não tropeces em alguma pedra.
13. Sobre serpente e víbora andarás, calcarás aos pés o leão e o dragão.
14. Pois que se uniu a mim, eu o livrarei; e o protegerei, pois conhece o meu nome.
15. Quando me invocar, eu o atenderei; na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória.
16. Será favorecido de longos dias, e mostrar-lhe-ei a minha salvação.
 *(Comentários da Bíblia, Ed.Vozes)

15 de outubro de 2012

Peregrinação de Nossa Senhora Aparecida: uma partilha sobre a primeira edição (Ano 2000)



Vivemos aqui já há treze anos em nossa comunidade a experiência de fazermos uma Peregrinação todo dia 12 de Outubro, em louvor a Jesus e em honra a Nossa Senhora Aparecida. Saímos do estacionamento da nossa capela (Igreja São Vicente) em Sobradinho-DF e pegamos a BR-020 rumo à capital federal, mais especificamente para a Esplanada dos Ministérios, quase em frente à Catedral Metropolitana, onde a Arquidiocese de Brasília sempre organiza um lindo altar para uma grande festa: a parte da manhã dedicada às crianças, com brincadeiras e evangelizações específicas; a parte da tarde dedicada a orações e devoções marianas, homenagens dos jovens para às 17hs iniciar a Santa Missa da Padroeira do Brasil e de Brasília, finalizando com uma bela procissão ao redor da Esplanada com uma bênção especial do arcebispo pela nação, governantes, povo brasileiros em geral e pelas famílias.
O ano 2000 foi o Ano do Jubileu na Igreja Católica. Lembro-me de que eu e alguns amigos do grupo jovem estávamos ligados em tudo o que a Igreja promovia nesse sentido. Nosso amado Beato João Paulo II, do alto de seu posto de Vigário de Cristo em Roma, incentivou várias práticas espirituais que promovessem uma vivência mais profunda dessa majestosa festa da Igreja. Uma dessas práticas foi a "Peregrinação". Por inspiração do Espírito Santo, esse grupo de jovens denominado Imago Dei, também muitos deles atuantes no Grupo de oração da RCC da comunidade São Vicente, tomaram a iniciativa de colocar em prática esta orientação do Papa. Foi assim que começou a Tradição da "Caminhada do Dia 12 de Outubro".
Já em 1998, o Papa João Paulo II publicou o documento "A Peregrinação no Grande Jubileu do ano 2000" (vide em http://migre.me/5RXnZ). Neste belíssimo texto, ele procura explicar detalhadamente o fenômeno “Peregrinação” em seis breves mas densos capítulos:
1. A peregrinação de Israel;
2. A peregrinação de Cristo;
3. A peregrinação da Igreja;
4. A peregrinação rumo ao Terceiro Milênio;
5. A peregrinação da humanidade;
6. A peregrinação do cristão hoje.
Penso que isso foi o gérmen espiritual dessa nossa experiência da Peregrinação de Nossa Senhora Aparecida, num período que, acredito eu, havia todo um movimentar diferente do Espírito Santo para a Igreja no mundo inteiro, mas também um mover peculiar dentro de mim, assim como de meus amigos da Igreja. As atividades da Arquidiocese estavam especiais, como também as da paróquia, do Grupo Jovem, da RCC... Eu e Juliano éramos grandes amigos de fé e junto com esse grupo estávamos a viver um grande momento de encontro com Cristo em nossas vidas.
Em 1999, o Juliano (promovido então ao ‘cargo’ de meu namorado, e um dos líderes dos jovens do grupo que citei acima), sempre antenado com Roma e muito fã de João Paulo II, havia lido a Bula Papal “Incarnationis Mysterium”, com a qual era proclamado oficialmente o Grande Jubileu do ano 2000 e em uma reunião com os jovens trouxe para nós esse conteúdo. Estávamos mergulhados no Tríduo de preparação para o Jubileu: 1997, o ano do Filho; 1998, ano do Espírito Santo (ano de grande conversão dos jovens nossos amigos, e de nós próprios!); 1999, ano do Pai; e com a supracitada Bula, o Papa dava algumas orientações sobre a vivência do ano 2000, o ano do Grande Jubileu. Nela (vide http://migre.me/b9TsY), João Paulo II evidenciava as propostas da caridade, da contemplação da vida dos mártires, do Sacramento da Confissão, das Indulgências, a beleza do sinal da Porta Santa, tudo muito próprio de um ano Jubilar... E dentre tudo isso, destacava as peregrinações nesse contexto (§7 da Incarnationis Mysterium):
A instituição do Jubileu foi-se enriquecendo, ao longo da sua história, com sinais que atestam a fé e favorecem a devoção do povo cristão. De entre eles, há que recordar, antes de mais, a peregrinação. Esta reproduz a condição do homem, que gosta de descrever a sua própria existência como um caminho. Do nascimento até à morte, cada um vive na condição peculiar do homo viator. Por sua vez, a Sagrada Escritura testemunha repetidas vezes o valor do fato de pôr-se a caminho para ir aos lugares sagrados; era tradição do Israelita ir em peregrinação à cidade onde se conservava a arca da aliança, ou então visitar o santuário de Betel (cf. Jz 20, 18), ou o de Silo, onde Ana, mãe de Samuel, viu a sua oração atendida (cf. 1 Sam 1, 3). Submetendo-Se voluntariamente à Lei, também Jesus, com Maria e José, foi como peregrino à cidade santa de Jerusalém (cf. Lc 2, 41). A história da Igreja é o diário vivo duma peregrinação sem cessar. A caminho da cidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, da Terra Santa, ou de santuários — antigos e novos — dedicados à Virgem Maria e aos Santos: eis a meta de muitos fiéis que assim alimentam a sua devoção. A peregrinação sempre constituiu um momento significativo na vida dos fiéis, revestindo expressões culturais diferentes nas várias épocas. Ela lembra o caminho pessoal do crente seguindo as pegadas do Redentor: é exercício de ascese ativa, de arrependimento pelas faltas humanas, de vigilância constante sobre a própria fragilidade, de preparação interior para a conversão do coração. Através da vigilância, do jejum, da oração, o peregrino avança pela estrada da perfeição cristã, esforçando-se por chegar, com a ajuda da graça de Deus, “ao estado de homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4, 13).
Também ao fim do texto do Magistério no § 14, o Papa João Paulo II enfatizava a indispensável presença de Maria na experiência Jubilar:
A alegria jubilar não seria completa se o olhar não se voltasse para Aquela que, com plena obediência ao Pai, para nós gerou na carne o Filho de Deus. Em Belém, completaram-se para Maria “os dias de Ela dar à luz” (Lc 2, 6), e, cheia do Espírito, deu à luz o Primogênito da nova criação. Chamada a ser a Mãe de Deus, Maria viveu plenamente a sua maternidade, desde o dia da concepção virginal até achar o seu coroamento no Calvário aos pés da cruz. Lá, por dom admirável de Cristo, Ela tornou-Se também Mãe da Igreja, a todos indicando a estrada que conduz ao Filho. Mulher do silêncio e da escuta, dócil nas mãos do Pai, a Virgem Maria é chamada “bem-aventurada” por todas as gerações, porque soube reconhecer as maravilhas que n'Ela realizou o Espírito Santo. Jamais os povos se cansarão de invocar a Mãe da misericórdia, e sempre encontrarão refúgio sob a sua proteção. Aquela que, com seu filho Jesus e o esposo José, foi em peregrinação ao templo santo de Deus, proteja o caminho de quantos se fizerem peregrinos neste ano jubilar. Queira Ela interceder com particular intensidade, durante os próximos meses pelo povo cristão, para que obtenha a abundância da graça e da misericórdia, enquanto rejubila pelos dois mil anos passados desde o nascimento do seu Salvador.
No meu aniversário, 05 de novembro de 1999, eu e o Juliano havíamos ficado noivos e nos propomos a aproveitar de toda essa riqueza proposta pela Igreja para nos prepararmos dignamente para o nosso matrimônio. Escolhemos a data do casório (06 de Janeiro de 2001) com base na data escolhida para ser o término do Ano do Jubileu, assim, nosso plano era viver intensamente, muito unidos a Jesus e a Maria, esse tempo de noivado. Além de todas as nossas responsabilidades nos grupos e movimentos que participaram, fizemos, só nós dois, retiro de silêncio, cursos sobre bioética e método natural, encontros de namorados, intensificamos a vivência das 5 pedrinhas, amparados pelas formações da Canção Nova (Eucaristia, Confissão, Estudo da Palavra, Rosário e Jejum) ... Foi um ano de intensa vivência espiritual, como pedia o Papa.
De todas as orientações que tínhamos, a única que não havíamos colocado em prática era a que dizia respeito à Peregrinação. Olhando também o Catecismo da Igreja Católica, alguém (não me recordo quem, mas foi alguém numa reunião do Grupo Jovem) compartilhou o parágrafo 2691:
(...) as peregrinações evocam nossa caminhada pela terra em direção ao céu. São tradicionalmente tempos fortes de renovação da oração. Os santuários são para os peregrinos, em busca de suas fontes vivas, lugares excepcionais para viver "como Igreja" as formas da oração cristã.
Estávamos vivenciando um tempo forte na vivência de comunidade e fraternidade um com o outro, mas também com o Grupo Jovem, sob orientação do Grupo de Oração da RCC, sempre muito próximos a Canção Nova e também a Paróquia. Ora, sendo nossa paróquia “Bom Jesus dos Migrantes” de responsabilidade da Congregação Scalabriniana, vocacionada justamente na evangelização dos povos sob a influência do fenômeno da migração humana, éramos frequentemente formados a respeito dessa questão da migração, do caminhar humano, de que Jesus, Maria e José também foram migrantes, etc; tudo muito em consonância com o material sobre Peregrinação para o Jubileu do Papa João Paulo II.
Embora estivéssemos nos preparando para casar, trabalhando, arrumando casa etc, éramos jovens, sem muitas condições financeiras para empreender alguma viagem mais longa ou onerosa, em especial em conjunto com nossos irmãos de caminhada... Então foi surgindo a ideia de que, para pôr em prática a possibilidade de peregrinarmos, poderíamos unir nossa obrigações nos próprios trabalhos solicitados a nós e nas inspirações do Espírito Santo ia nos colocando para assumirmos. Por exemplo, recebendo oração por imposição de mãos numa reunião de toda arquidiocese da RCC, foi colocada uma profecia que afirmava que daqueles jovens ali presentes, Deus levantaria uma juventude renovada e santa para a evangelização de nossa cidade de Sobradinho e que deveríamos assumir com seriedade a intercessão por todos os jovens, em especial os de nossa cidade. Outro exemplo, é que muitos de nós haviam sido escalados para trabalhar na Festa de Nossa Senhora Aparecida na Esplanada dos Ministérios, na homenagem dos jovens a Maria. Assim, conversa vai, conversa vem, a proposta foi pouco a pouco tomando forma: e se fôssemos caminhando da São Vicente até a Esplanada, em espírito de penitência? Poderíamos oferecer o sacrifício pela conversão dos jovens de Sobradinho (e do mundo inteiro) já tomando posse do que havia sido profetizado para nós, faríamos a peregrinação de que falava o Papa para o Ano Jubilar, já ficaríamos na Esplanada para as homenagens dos jovens a Maria, e logo em seguida para a Missa, etc...
Esse grupo de jovens tinha a “mania” de empreender evangelizações espontâneas nas lanchonetes (simplesmente cantando alegremente “Ao Senhor agradecemos o alimento que teremos” antes de comer), de sair juntos para uma balada à noite e acabar numa vigília em alguma capela do Distrito Federal, de se reunir em qualquer praça e tocar um violão e louvar a Deus, de puxar um terço em pleno ônibus lotado voltando para casa, testemunhando “quase sem querer” essa vivência espiritual em todos os lugares, em qualquer situação. De modo de que a Peregrinação foi facilmente acolhida!
Combinamos de sair às 5hs da manhã e fomos sem muita preparação e nem consciência do que iríamos viver. Com terços nas mãos, violão, Bíblia, o ofício de Nossa Senhora, fomos com o coração cheio das palavras do Papa as quais havíamos tomado conhecimento, com várias intenções de oração, muitos nomes de jovens na lembrança, amigos perdidos nas drogas, com conflitos familiares, rezando, cantando e caminhando... Lembro-me de que, num momento de oração especial, colhemos ao longo do caminho várias florzinhas de Primaveras (também conhecida como “Bouganvilles”) e, a cada flor que colhíamos, era um jovem que entregávamos nas mãos de Maria. Eu e algumas amigas iríamos, na parte da tarde, participar das homenagens dos jovens para a Nossa Senhora já lá no altar na Esplanada, dançando uma coreografia na qual havia um momento em que lançaríamos pétalas de rosas na imagem da Mãe. Optamos então por lançar essas primaveras, realmente ofertando esses jovens e seus familiares, necessidades e problemas, com muita confiança sob a intercessão da Mãe Aparecida.
Ao chegarmos no “Eixão” (a via curva que forma uma das “asas”, no caso a “Asa Norte”, do avião que dá a forma peculiar de Brasília e que nos levaria até a Esplanada dos Ministérios), última fase de nossa caminhada, já era por volta das 11hs da manhã e o sol estava bem quente nessa época que, em Brasília, é o finzinho do período de estiagem. Decidimos, para completar o sacrifício, meditar na oração da Via Sacra. Fizemos com muita piedade, meditando em nossos próprios pecados, em espírito de penitência mesmo, cantando, ajoelhando no asfalto quente, procurando dar mesmo um testemunho de fé diante dos atletas de fim de semana que lotam essa via que fica fechada para trânsito de carros aos domingos e feriados. Se por um lado essa foi a experiência mais profunda de penitência que eu já tive até hoje, por outro lado nós quase não conseguimos dançar no período da tarde! De qualquer forma, foi a primeira e última vez que fizemos a Via Sacra de maneira tão piedosa (e demorada!) em nossas Peregrinações!

Conforme a "A Peregrinação no Grande Jubileu do ano 2000" do Papa João Paulo II analisava, particularmente no capítulo 6 (A Peregrinação do Cristão hoje), pude perceber que a peregrinação é uma metáfora da vida, uma parábola da caminhada de fé. Neste documento ele afirma (§ 32):
A dinâmica própria da peregrinação revela com clareza algumas etapas que o peregrino alcança, e que se tornam um paradigma de toda a sua vida de fé: a partida torna manifesta a sua decisão de avançar até à meta e de conseguir os objetivos espirituais da sua vocação batismal; o caminho o conduz à solidariedade com os irmãos e à preparação necessária para o encontro com o seu Senhor; a visita ao Santuário convida-o à escuta da Palavra de Deus e à celebração sacramental; o retorno, por fim, recorda-lhe a sua missão no mundo, como testemunha da salvação e construtor da paz.
Durante o trajeto, eu não podia deixar de observar a dinâmica da caminhada, dos participantes, meu próprio comportamento... Em alguns momentos eu estava mais disposta, motivada, queria ir um pouco mais rápido, e me impacientava com os mais lentos... da mesma forma que na obra de Deus nos deparamos com pessoas que estão meio desanimadas e trabalham num ritmo mais devagar e por muitas vezes as julgamos. Em outros momentos, em especial quando eu me sentia tão imersa na oração, ver pessoas “fora da unção”, conversando ou rindo, me fazia ficar triste... o interessante é que, mesmo num pequeno espaço de tempo, eu passava de concentrada para dispersa, conversando, rindo e atrapalhando a oração de outras pessoas, o que me fazia perceber que, durante o caminho, somos instáveis, às vezes na unção, às vezes desatentos, é preciso compreensão e paciência, conosco e com os outros.
Várias e várias vezes, o cansaço me pegava, já que são cerca de 24 km de percurso. Olhava para o horizonte a minha frente e imaginava minha meta, no caso a Catedral lá na Esplanada dos Ministérios. Por vezes achava tão distante, tão difícil, começava a duvidar que chegaria mesmo. Começava a querer reclamar, pensava em me desviar do meu objetivo, parar, me sentar e não mais levantar, pegar um ônibus e voltar... Era impossível não fazer a transposição da caminhada para a vida de fé em Cristo, da meta da Catedral para a meta do Céu. Quando as exigências do Evangelho apertam demais em nossa vida, quando a perseverança na fé nos trazem dor e fadiga, quando a prática da caridade parece inútil, sentimos que o caminho está comprido demais, e duvidamos que poderemos um dia alcançar o Céu. Mas continuamos, perseveramos, prosseguimos, tanto na Caminhada do dia 12 de Outubro quanto nos passos de Cristo, pois alguma coisa em nosso coração nos dá a certeza que a Catedral estará lá e nos espera, que o Céu é logo, pois a eternidade já se iniciou... Não sabemos exatamente o que será nem como será, mas sabemos o que atesta a Palavra! Podemos confiar pois “Nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1 Cor 2, 9) Nessa hora a comunidade é todo o combustível que precisamos! Um começa a rezar, outro a cantar, outro chega e nos dá a mão... E os passos vão se sucedendo um após outro. Nessa experiência aprendi que se estivesse sozinha, nem teria começado a caminhar! Se não fossem os irmãos dando força, a caminhada seria pesada demais...
Todavia, houve (e sempre há, sempre haverá) também os momentos de solidão. Com calos nos pés, fui ficando para trás, cada vez mais afastada do grupo. Em alguns momentos me senti mesmo esquecida por eles! Inevitável uma certa mágoa: “Poxa, ninguém está vendo que eu estou morrendo aqui? Será que não dava para andar mais devagar?” Nessa ocasião, analisava também que, se eu for colocar todas as minhas expectativas para prosseguir nas relações que tenho com as pessoas, minha vitória estará comprometida. Se eu não puder caminhar sozinha, com minhas próprias pernas, contando apenas com as minhas próprias convicções e com a força do Espírito Santo a me impulsionar, não avançarei em certas partes do percurso. Além disso, quantas vezes eu mesma não teria deixado irmãos sozinhos para trás, sem nem perceber seus sofrimentos, sem diminuir a cadência, sem voltar para dar-lhes a mão na caminhada da Peregrinação e até mesmo na “vida real”?...
O momento de chegada ao objetivo é, antes de mais nada, tão emocionante quanto o término de uma prova atlética, com a diferença de que é muito mais que isso. É um momento de efusão do Espírito Santo potencializado com a adrenalina corporal, juntando todas as análises e meditações ao longo do percurso, todas as intenções que trazíamos, todos os jovens pelos quais rezávamos... A visão de longe que tínhamos da Catedral, nossa... Muitos não conseguiram conter as lágrimas. Gostaria de ter as palavras para ser fiel àquele momento que vivemos, era a primeira vez que experimentávamos essa sensação, mas não existem mesmo termos adequados para coisas desse nível de esplendor, embora a absoluta simplicidade. Quase ninguém sabia o que estávamos fazendo, ninguém nem percebeu nossas lutas, mas havíamos vencido um embate espiritual e corporal, com um objetivo natural, mas principalmente sobrenatural. Ajoelhamos-nos diante do portão da Catedral e mesmo ele estando trancado, fizemos silêncio, agradecemos, oferecemos tudo. O que vivemos foi tão forte que nos move há 12 anos a repetirmos a experiência e convidarmos a todos que amamos a empreender esse desafio conosco.
Foram tantas moções espirituais, tantas análises, tanta reflexão que eu colho os frutos dessa primeira Peregrinação de Nossa Senhora Aparecida até hoje! De fato, pelo menos para mim, foi um caminho de autoconhecimento, de meditação sobre a convivência comunitária, de resoluções tomadas de forma definitiva a respeito da estrada a ser percorrida dentro de um projeto de vida que passaram a nortear minha existência desde então. De todas as 13 edições até hoje, não pude participar de poucas delas. Já fui na caminhada estando grávida de 6 meses da minha primeira filha (ainda que tenha caminhado apenas um pequeno trecho, quis participar pelo menos um pouquinho), já fui com nenê dentro do carrinho, já fui doente no carro de apoio, já fui sozinha e já fui com a família quase toda! A verdade é que quem participa dessa experiência de coração aberto nunca mais consegue esquecer...
Num mundo pragmático como o nosso e cada vez mais hostil a qualquer tipo de espiritualidade, uma Peregrinação como essa parece uma penitência obsoleta e inútil, superstição de um bando de ignorantes fanáticos. Mas o fato é que também observamos que cada vez mais pessoas, esmagadas pelos vazios que esse mesmo mundo oferece, buscam um motivo a mais para as fadigas e lutas dessa vida, um sentido maior para seus passos nessa terra e certamente um objetivo maior para sua existência, uma meta mais digna pela qual lutar, que não a mera sobrevivência material. Nesse ínterim, sempre há as pessoas que buzinam enquanto o grupo avança pelas vias públicas, que se benzem e até acompanham nosso povo com respeito à imagem que portamos e veneramos, que se une a nós para caminhar pelas estradas dessa vida testemunhando nossa fé em Cristo, nunca sozinhos, mas tendo a certeza que conosco, pelo caminho, Santa Maria vai!