18 de maio de 2016

No mês de Maria, um testemunho por dia: nº 18


Agora gostaria de partilhar sobre uma experiência interessante e dolorosa na minha vivência de devoção mariana: receber um "não" de Nossa Senhora. Já recebi alguns e foram aprendizados inesquecíveis, que mudaram minha essência e marcaram profundamente minha história e minha relação com Deus e Nossa Senhora. Vou registrar aqui apenas dois episódios específicos, talvez os mais significativos para mim e, embora não sejam os únicos, penso que ilustram bem o tema. 
Minha primeira gestação, como já partilhei neste Blog, eu perdi entre o 3º e 4º mês. Fui fazer uma ecografia de rotina e foi constatado que o bebê tinha parado de se desenvolver, não havia mais batimentos cardíacos. Foi algo totalmente inesperado e devastador: uma tristeza inenarrável. Lembro-me de que saímos da clínica, meu esposo e eu, direto para a Capela do Santíssimo no Santuário Dom Bosco e de que chorei sem pudor e sem comedimento. Chamava por Jesus e por Maria e me sentia completamente abandonada por eles. Posteriormente foi-nos dado um diagnóstico de aborto espontâneo sem que nada explicasse o porquê deste acontecimento. Depois de alguns anos batizamos esse anjinho de "Antônio", nosso primeiro. 
Após isso, fiquei meio que paralisada, travada: não refleti muito, não rezei muito, apenas me permiti sofrer. A vida continuou e lembro-me de que, sozinha na minha casa, com o passar do tempo, fui percebendo espiritualmente a presença do Sagrado Coração de Jesus e do Imaculado Coração de Maria ao meu lado, cuidando de mim, me consolando, acariciando, pacificando. Eles nunca tinham me abandonado, mas meus olhos estavam cegos pelo sofrimento para perceber Jesus e Maria perto de mim durante todo o ocorrido...
Passando o tempo, nova gestação (da Clarinha, já partilhada aqui neste blog), tudo correu maravilhosamente bem. Fiquei tensa e apreensiva durante toda gravidez, cercando cada etapa com oração, clamores e súplicas e fazendo um esforço consciente para ter fé e confiança em Jesus e em Maria. Tudo correu muitíssimo bem, gravidez, parto, amamentação à princípio com dificuldades, mas enfim progredindo tranquilamente. Só louvores e ação de graças à intercessão da Mãe Celeste e a providência do Senhor Jesus. É fácil o relacionamento quando nossas vontades são atendidas do jeitinho que sonhamos, que achamos que precisamos, não é mesmo?
Transcorreram alguns anos e me vi novamente grávida. Ficamos muito felizes mas fomos para as primeiras ecografias ainda tensos pelo trauma da primeira experiência. Tudo estava bem, para nossa alegria! E a gravidez foi avançando. Até que surgiu um pequeno sangramento que deixou a obstetra temerosa. Recomendou-me repouso absoluto, deitada 24hs, na esperança de que isso fosse algo passageiro. Consegui uma licença no trabalho, mudei-me para a casa da minha mãe para que ela me ajudasse com a Clarinha (que tinha só 2 aninhos) e cuidasse de mim. Juliano, meu esposo, fazia o que podia, mas estava trabalhando muito naquela ocasião, viajando e muito ocupado. 
Infelizmente os dias passavam e o sangramento ao invés de diminuir com o repouso só aumentava. Lembro-me que rezava sem parar, minha família rezava, a comunidade rezava, mas reinava o silêncio. E uma imagem recorrente me incomodava e feria, uma imagem que me vinha em visualização pela oração e também constantemente em sonhos: em um local totalmente escuro, apenas era possível distinguir Nossa Senhora Aparecida e eu. Nesse contexto eu falava e falava sobre variadas coisas com a Mãe Aparecida mas ela apenas se mantinha séria e calada. Falava sobre o clima, e nada. Falava sobre o trabalho do meu esposo, nadinha. Pedia, clamava por aquela gestação, por aquele bebê, apenas o silêncio. E essa cena se repetia, se repetia, se repetia... e me deixava confusa e penalizada. Ela apenas me olhava e nada dizia... Qual era o significado disso? Pressentia o pior.
Por fim, do 4º para o 5º mês de fato recebi a infeliz notícia: não havia mais batimentos cardíacos, era preciso apenas esperar que meu próprio organismo expulsasse o bebê ou fazer uma curetagem (como foi no caso do Antônio). "Catarina" (foi assim que a chamamos) saiu sozinha depois de um tempo e soubemos posteriormente que uma toxoplasmose tinha sido a responsável por aquele infortúnio. Realmente ficou um vazio, um gosto amargo, até uma certa mágoa com Nossa Senhora Aparecida, e uma depressão me fez refletir gravemente sobre minha vida, meu chamado e entrar em profundo momento de oração e escuta.
Entendi que aquela imagem recorrente indicava que eu tinha recebido um eloquente, embora taciturno, "NÃO" em respostas às minhas orações. Pedi, supliquei, implorei, e a resposta foi "NÃO". Na minha cabeça não se tratava de capricho e nem de merecimento, apenas de justiça com a bebêzinha e misericórdia para conosco, mas enfim, a resposta  ao meu foi clamor foi "NÃO". Como mudam os sentimentos e interfere nos relacionamentos o fato das coisas não acontecerem exatamente como queremos, não é mesmo? 
Foi preciso um tempo para que eu me reerguesse e me superasse desse episódio. Apesar de tudo, este foi o "NÃO" que me ensinou mais sobre a verdadeira devoção a Nossa Senhora do que todas as palestras, pregações, estudos, livros, cursos e orações que tinha feito na vida. Ser devoto é aceitar os "sins" e os "nãos" que a Virgem nos der com o mesmo amor, com a mesma veneração, a mesma confiança. É saber que a Mãe tem autoridade, sabedoria e liberdade para atender nossas súplicas e repassá-las a Jesus, Nosso Senhor, conforme os planos divinos, os quais ela tem acesso por estar sempre em plena e perfeita comunhão com a Trindade na posição de Filha Imaculada, de Mãe do Filho e nossa e de Esposa do Divino Espírito Santo. Ela sabe o melhor para nós: ela é Mãe. 
Os filhos muitas vezes não entendem os planejamentos dos pais, o que é necessário para eles naquele momento, eles apenas querem receber o que pedem em suas imaturidades e inocências. Vejo isso diariamente com meus próprios filhos: quantos "nãos" tenho que dar a eles constantemente! Eles se entristecem, se sentem injustiçados, não entendem, mas eu sei o porquê de cada "sim" e cada "não". Às vezes até explico quando é conveniente, às vezes entendo que é inútil tentar explicar pois no momento eles não terão a capacidade de entender... 
E em todos esses "nãos" que dou às minhas crianças, percebendo por vezes a revolta e decepção que provocam, apenas silencio e muitas vezes os abraço para que saibam que podem confiar em mim, pois sei o que estou fazendo em minha posição de mãe e responsável por eles. Assim também é Nossa Senhora e Nosso Senhor conosco, tal qual essa imagem de Nossa Senhora e o Papa João Paulo II, hoje já santo, que coloquei para ilustrar o início dessa postagem. 
Assim, meus irmãos e minhas irmãs, por mais sofrido, doloroso, e aparentemente injusto que possa parecer os "nãos" que Jesus e Maria nos der, saibamos ter olhos espirituais para os acontecimentos de nossas vidas e resultados de nossas orações. Sejamos verdadeiros devotos quando recebermos o que pedimos e quando não recebermos, quando a resposta for afirmativa, negativa e também quando for "espere". Honremos nossa Mãe e nosso Pai nos "sins" e nos "nãos" que deles recebemos, confiando que ela só faz o que Ele disser, e que Ele sabe até quantos cabelos tem a nossa cabeça: nós não sabemos, não entendemos, mas eles sabem e, se nossa vida está entregue a eles, podemos confiar. 



Depois desse evento, já tendo Clarinha 4 aninhos, fiquei grávida do José Luiz e tudo foi maravilhoso! E depois dele veio o João Francisco e foi mais tranquilo ainda! Em seguida veio o Tiago Inácio e, melhor, impossível! E porque Ele é Senhor da Vida e Vida em abundância, agora fomos premiados de novo com mais um, Paulo Bento que vem por aí! Pois Jesus e Maria não se alegram em nos negar bênçãos e graças, mas sabem a melhor momento e melhor maneira de os fazer! 




Agora temos dois anjos intercessores na glória, nosso Antônio e nossa Catarina, diante de Deus, rogando sempre por nós, por nossa família e creio que o dia em que eu os puder conhecer na eternidade juntamente com o Senhor Jesus e a Mãe Celeste, sera o ápice de felicidade da minha existência. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo: PARA SEMPRE SEJA LOUVADO, E SUA MÃE, MARIA SANTÍSSIMA! 

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